Mortes aconteceram em João Pessoa e Campina Grande e envolvem as três maiores torcidas organizadas da Paraíba, a Torcida Jovem do Galo, Facção Campinense e a Torcida Jovem do Botafogo
Os confrontos e desentendimentos entre torcidas organizadas na Paraíba já teriam causado a morte de sete pessoas, segundo dados da Polícia Militar. Os homicídios foram contabilizados entre 2011 e o começo de 2014. Seis deles foram registrados em Campina Grande e um em João Pessoa. Entre os mortos há diretores e vice-diretores das torcidas.
O caso mais recente de violência foi registrado no domingo (23) quando o presidente da Torcida Jovem do Galo, Jéferson Costa de Silva, de 23 anos, foi atingido na cabeça com um tiro após desentendimento com colegas, enquanto consumia bebidas alcoólicas em um bar no Centro de Campina Grande.
De acordo com o coronel Souza Neto, que comandou o policiamento militar naquele município nos dois últimos anos, os assassinatos investigados tinham o envolvimento das duas principais torcidas organizadas, a Jovem do Galo e a Facção Campinense.
Souza Neto disse ainda que as torcidas são rivais e há investigações sobre a infiltração de pessoas que têm mandado de prisão em aberto, suspeitas de tentativas de homicídio e presas por porte ilegal de armas nesses grupos.
"Nós tentamos fazer um cadastramento dos integrantes dessas torcidas junto ao Ministério Público da Paraíba, mas eles não colocam todos os integrantes, justamente para evitar que esses suspeitos sejam identificados e detidos pela Polícia Militar", explicou.
Coronel Souza Neto informou que o MPPB encaminhou à Justiça pedido para que fossem determinadas algumas proibições como o uso de camisetas e faixas e até desses torcedores entrarem nos estádios, "mas essas medidas não estão sendo suficientes. Não estão impedindo que a violência continue, por isso encaminhei a solicitação para que essas torcidas organizadas fossem extintas.
Só uma torcida no estádio
Em João Pessoa, um homicídio foi registrado em 2011. Nesse ano, foram notificadas ainda duas tentativas de homicídio em que um homem e uma mulher foram baleados.
De acordo com o coronel da PM, Lívio Delgado, as ocorrências teriam sido registradas nas proximidades do estádio Almeidão após um desentendimento entre as torcidas do Botafogo, Anjinhos do Belo e Torcida Jovem do Botafogo.
O militar informou ainda que a Comissão de Defesa e Combate à violência nos estádios da Paraíba decidiu pelaproibição de pelos menos duas torcidas diferentes em jogos disputados entre os três principais times do estado, o Treze, o Campinense e o Botafogo.
"O objetivo é fazer com que as torcidas desses times não se encontrem em campo. Quando ocorrer jogos envolvendo dois desses três times, somente a torcida do time com o mando de campo terá permissão para entrar nos estádios", explicou o coronel Lívio.
Promotoria analisa extinção das torcidas organizadas
A Promotoria dos Direitos do Consumidor em Campina Grande está reunindo informações sobre as ocorrências e de acordo com Luciano Sodré, chefe do cartório da Promotoria, já foram solicitados os inquéritos à Polícia Civil para servir de subsídios a uma decisão a ser tomada sobre a questão da violência entre torcidas organizadas na Rainha da Borborema.
Luciano informou que também foram solicitados às torcidas todos os cadastros referentes aos integrantes dos grupos, mas as informações não foram repassadas pela maioria das agremiações.
"Essa ausência de informações sobre os componentes das torcidas mais as ocorrências de violências que apontam para as disputas entre elas servirão de embasamento para as decisões que serão tomadas pela Promotoria", enfatizou.
Luciano Sodré, no entanto, não quis falar sobre prazos ou adiantar se a decisão será pela extinção das torcidas. "Primeiro, a gente vai analisar todos os documentos que tivermos em mãos para poder ter condições legais de tomar alguma decisão", ratificou.