Penitenciária de CG é esvaziada para se tornar colônia fabril

presídioO presídio do Monte Santo, em Campina Grande, vai passar por reformas para se tornar uma colônia fabril. Para isso, todos os presos estão colocando tornozeleira eletrônica e indo para casa. Quando o espaço for liberado, a reforma começa e em seguida os apenados voltam para que sejam empregados em um processo de ressocialização.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), todos os detentos da unidade fazem parte dos regimes aberto e semiaberto. Segundo a Seap, o projeto de colônia fabril é fundamental para a ocupação do tempo ocioso. “Além de receberem remuneração e exercerem uma atividade, incentiva-os a um trabalho digno e eleva a autoestima deles”, disse a Seap.
A reforma do presídio
Ainda não há data certa para término da reforma. A Seap informou que quem também vai trabalhar na construção da fábrica são alguns detentos de regime fechado que virão do Presídio do Serrotão, também em Campina Grande.

No ano de 2019, o projeto foi aprovado e foi criada uma lei de incentivo às empresas, para abrirem nas unidades prisionais. A lei de incentivo para a contratação de presos e ex-presos estimula as empresas e busca sensibilizar a população para a necessidade de reinserir, no mercado de trabalho e na sociedade, os apenados.A ideia da colônia fabril surgiu depois de uma reunião realizada em Santa Catarina, onde o projeto já funciona com fábrica de móveis, geladeiras e fogões. Após a reunião, o secretário da Seap, Sérgio Fonseca, que também é tenente-coronel da Polícia Militar da Paraíba, trouxe a ideia para o estado e a apresentou ao governador, João Azevêdo.
Ressocialização
Segundo o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça, atualmente existem cerca de 14.800 pessoas presas na Paraíba. Para a advogada criminalista Christianne Lauritzen, a superlotação nos presídios é um obstáculo para o cumprimento da legislação. “Quando saem da prisão, os ex-detentos são expostos às mesmas situações que os levaram à cadeia, tornando-se um ciclo vicioso”, disse a advogada.
Com isso, os projetos de ressocialização são bem vistos e sucedem resultados positivos. “A implantação do uso de tornozeleiras eletrônicas e criação de uma colônia fabril no sistema penitenciário evidencia uma forma de promoção de cidadania e reabilitação dos detentos. Além de evitar a superlotação e, sobretudo, promover a queda na violência e criminalidade da cidade. Desse modo, a política pública em questão tem foco na reabilitação do preso, para que ele tenha condições de voltar à sociedade”, completou Christianne.
Sobre a importância das medidas de ressocialização, o Conselho Nacional de Justiça informou ao Portal Correio que a atitude pode impactar na redução da população carcerária, se for pensada e efetivada na perspectiva da garantia de diretos para a população que passou pelas prisões, população esta, via de regra, em situação de vulnerabilidade social desde antes do aprisionamento.
É importante destacar que o fenômeno do superencarceramento impacta na ausência de vagas no sistema prisional. “A relação entre desigualdade social (e não da pobreza em si) e violência/segurança é fator importante para essa análise, mas não exclusivo. Racismo e violência do Estado, sentidas e perpetradas pelas diversas instituições, resultam nesse cenário de seletividade penal e superencarceramento’, disse o CNJ.
“Direitos sociais básicos, como alimentação, saúde, trabalho, educação e moradia podem contribuir para que a pessoa que passou por privação de liberdade tenha oportunidades, além de outros repertórios na construção ou reconstrução de sua trajetória, tendo possíveis reflexos da não reincidência”, completou o CNJ.
Como vai funcionar
De acordo com a Seap, até o momento, três empresas privadas estão interessadas no projeto. Os detentos vão passar o dia trabalhando e à noite recolhem-se para a cela, cumprindo a mesma rotina no outro dia.
Assim como todos receberam as tornozeleiras eletrônicas, também vão ter direito de trabalhar e participar das futuras atividades, se assim permanecerem em bom comportamento e passarem por uma seleção. Dos detentos do Serrotão, serão selecionados aqueles do regime fechado com menos de 2 anos para encerrarem suas penas e irão para o semiaberto trabalhar no Monte Santo. A princípio, serão de 50 a 100 detentos.

Portal Correio
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