História e Emoção na Cavalgada Chico de Louro: O Relato de Quem Tornou a Tradição Possível

 


História e Emoção na Cavalgada Chico de Louro: O Relato de Quem Tornou a Tradição Possível

No coração do Cariri paraibano, a cidade de Assunção já viveu muitas festas, mas poucas conquistaram tanto o respeito e o carinho do povo como a Missa do Vaqueiro e Cavalgada Chico de Louro. Realizada todos os anos, a celebração já chegou à sua 9ª edição, que aconteceu em abril de 2025 e foi, mais uma vez, um sucesso absoluto.

Para entender como tudo começou, conversei com o idealizador do evento, Reginaldo Balduíno da Nóbrega. Empresário, ex-vereador e filho de Lindoval Balduíno da Nóbrega — ex-vice-prefeito de Assunção — Reginaldo se emociona ao contar cada detalhe dessa jornada.

“A ideia surgiu em 2015”, começa ele, com o olhar distante, como quem revisita boas memórias. “Eu tinha participado de uma cavalgada na cidade vizinha de Salgadinho. Lá, vendo o entusiasmo do povo, pensei: por que não trazer isso para Assunção, minha terra natal?

Não demorou para que a iniciativa ganhasse força. Ao lado de uma comissão dedicada, com apoio de empresários, políticos, autoridades e a própria comunidade, a primeira edição saiu do papel. “Foi tudo muito desafiador, principalmente por ser novidade aqui. Mas deu certo. E a partir daí, a festa só cresceu”, conta.

Nem tudo, porém, foram flores. Reginaldo lembra que o sucesso do evento trouxe também desafios proporcionais. “Com o tempo, aumentaram os custos. Teve ano em que a seca foi tão grande que muitos vaqueiros quase desistiram, porque manter os cavalos ficou muito caro. Mas seguimos firmes, porque a tradição é maior que qualquer dificuldade.”

O evento leva no nome a memória de Chico de Louro, vaqueiro que morreu precocemente e virou símbolo de resistência cultural na região. “A gente queria que o nome dele fosse lembrado com carinho, porque ele representa todos aqueles que vivem e trabalham no sertão”, diz Reginaldo.

Durante nossa conversa, ele compartilhou um momento que o marcou profundamente:

“Teve um menino de uns 6 anos que chegou pra mim, com os olhos brilhando, e perguntou: Tio, quando vai ser a cavalgada? Naquele dia, eu entendi que não podia parar. Aquela pergunta foi como um lembrete: isso aqui é importante pras pessoas.”

Um dos diferenciais da Cavalgada Chico de Louro é a forma de divulgação: uma canção típica de vaqueiros, composta por um artista de Alagoas, que anuncia a data e homenageia os apoiadores. “Essa música é o coração do nosso marketing. Quando o povo escuta no rádio ou nos carros de som, já sabe que chegou a hora”, explica orgulhoso.

Mesmo com o progresso que transformou Assunção nas últimas décadas, a cidade segue abraçando a tradição que une gerações. “Sou grato demais à minha família, aos amigos, aos parceiros e a todos que acreditaram. Se fosse só comigo, não teria acontecido. É um esforço coletivo”, faz questão de reforçar.

Assim, edição após edição, a Missa do Vaqueiro e a Cavalgada Chico de Louro seguem firmes, como um testemunho vivo da cultura, da fé e da identidade sertaneja que fazem de Assunção um lugar especial.

Postagem Anterior Próxima Postagem