Os aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiram adiar por mais uma semana a votação do relatório que pede a continuidade do processo contra ele.
A estratégia foi acertada na casa do presidente Eduardo Cunha, que admitiu para deputados aliados que errou na última quinta-feira (19) ao tentar impedir a reunião do Conselho de Ética.
Nesta terça-feira (24), os aliados não tumultuaram a sessão. O advogado de Cunha pôde falar e já começou atacando. Queria a substituição do relator, o deputado Fausto Pinato, que segundo ele, teria antecipado o voto e ignorado argumentos da defesa.
“A defesa não teve oportunidade de apresentar seus argumentos, e se baseia apenas na acusação cujo relatório estou tendo acesso agora”, afirmou Marcelo Nobre, advogado de Eduardo Cunha.
Pinato respondeu na hora.
“Eu desafio, tanto no regimento interno ou na Constituição, onde o senhor achar, onde está vinculado com o exame preliminar está atrelado à defesa prévia. Isso é duvidar da inteligência daqueles que operam o direito”, respondeu o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator.
O presidente do conselho disse que não vai ter troca de relator. “De pronto, esse presidente rejeita a preliminar”, declarou.
A sessão seguiu. Os três deputados do PT estavam presentes. O relator leu o voto que pede que o conselho investigue as denúncias contra Eduardo Cunha.
“A afirmação do representado de que não tem qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada em seu imposto de renda deve ser melhor analisada, haja vista que há pronunciamento oficial por parte da Procuradoria Geral da República afirmando peremptoriamente que o representando, de fato, é possuidor de contas na Suíça”, afirmou o relator.
Em seguida e como já era esperado, aliados de Eduardo Cunha pediram mais tempo para analisar o relatório.
A sessão foi suspensa. A defesa de Cunha e a votação ficaram para a próxima terça-feira (1º). E o Conselho de Ética não é o único problema de Eduardo Cunha. Deputados de seis partidos de oposição decidiram que vão tentar impedir todas as sessões presididas por ele, até que deixe a presidência.
Nesta terça-feira (24), eles abandonaram a reunião de líderes, quando são discutidos os temas que serão votados. E decidiram ir à Procuradoria Geral da República para que Rodrigo Janot peça ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha.
“A forma como presidente da casa, Eduardo Cunha, age para defender-se, ele acaba comprometendo a imagem da casa. Porque ele demonstrou que não mede consequências para exercitar a sua defesa”, afirmou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Cunha disse que está tranquilo e que não renuncia.
“Eu estou absolutamente tranquilo e eu acho que a representação é pífia. Ela apenas repete os trechos da acusação, para você considerar que trecho de acusação feita pelo Ministério Público gere processo por quebra de decoro, tem 160 parlamentares aqui que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal. Então, teria que ter 160 representações, se essa tese dele fosse correta”, declarou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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