š Entre Linhas — por LĆ”zaro Farias
Nos bastidores da polĆtica paraibana, um movimento silencioso, porĆ©m calculado, comeƧa a redesenhar o equilĆbrio de forƧas dentro da federação formada por UniĆ£o Brasil e Progressistas. O senador Efraim Filho (UniĆ£o Brasil) articula com precisĆ£o cirĆŗrgica a possibilidade de assumir o comando da federação na ParaĆba em 2026, o que pode ter efeitos diretos e devastadores sobre a base governista liderada por JoĆ£o AzevĆŖdo (PSB).
Hoje, a balanƧa pende para o lado do grupo comandado por Aguinaldo Ribeiro (PP), que reĆŗne nomes de peso: dois deputados federais (ele próprio e Mersinho Lucena), a senadora Daniella Ribeiro, o prefeito da capital, CĆcero Lucena, e o vice-governador Lucas Ribeiro. Um time que garante nĆ£o apenas musculatura polĆtica, mas tambĆ©m estrutura de gestĆ£o em pontos estratĆ©gicos.
PorĆ©m, um fator-chave pode embaralhar completamente esse tabuleiro: a saĆda de CĆcero Lucena do Progressistas — movimento que passou a ser ventilado com mais forƧa nos Ćŗltimos dias. Caso se confirme, o prefeito levaria consigo o filho, Mersinho, deputado federal em ascensĆ£o. O Progressistas, entĆ£o, veria sua forƧa ser drasticamente reduzida a um mandato federal, uma senadora em reta final de ciclo e um vice-governador com futuro incerto.
Nesse vÔcuo, Efraim Filho surge como favorito absoluto para assumir o controle da federação, ainda mais respaldado por um mandato de senador que só expira em 2030, o prefeito de Campina Grande Bruno Cunha Lima, e articulações em curso para atrair mais quadros com mandato.
O critério estabelecido pela cúpula nacional das siglas é claro: o grupo que demonstrar maior potencial de vitória em 2026 e capacidade de aumentar bancadas no Congresso levarÔ o comando da federação nos estados. Efraim jÔ se movimenta com esse foco, mirando um cenÔrio em que o PP desidratado não resistiria à pressão nacional e à falta de representatividade eleitoral concreta.
š§Ø Efeito direto no governo
Se esse reposicionamento se concretizar, o principal impacto serĆ” sobre a base de JoĆ£o AzevĆŖdo. O governador tem planos para disputar o Senado em 2026 e depende de um arco amplo de alianƧas para sustentar sua estratĆ©gia. Perder o controle da federação UniĆ£o/PP significaria ver um dos maiores agrupamentos polĆticos do estado migrar para a oposição.
Não se trata apenas de número de mandatos, mas de tempo de televisão, fundo partidÔrio, alianças nos maiores colégios eleitorais e capacidade de travar embates no Congresso e na Assembleia. Um cenÔrio desses colocaria o governo em xeque em plena largada da sucessão estadual.
Efraim joga no silĆŖncio, mas cada movimento tem endereƧo e cĆ”lculo polĆtico. Seu avanƧo sobre o Progressistas pode parecer, Ć primeira vista, uma disputa interna de poder. Mas Ć©, na verdade, uma tentativa de reorganizar a oposição por dentro e ocupar o espaƧo que JoĆ£o AzevĆŖdo ainda mantĆ©m de forma dominante.
A ParaĆba estĆ” diante de uma nova reconfiguração polĆtica. A disputa pela federação Ć© apenas a superfĆcie — o que estĆ” em jogo Ć© o comando do futuro.
šÆ O contragolpe do PalĆ”cio
Diante desse cenĆ”rio, a meta nĆŗmero um do grupo governista agora Ć© segurar CĆcero Lucena no Progressistas. Sem ele, o castelo desmorona. E, para isso, parece nĆ£o haver outro caminho senĆ£o ceder a cabeƧa da chapa estadual ao prefeito da capital.
A questĆ£o Ć©: JoĆ£o AzevĆŖdo estĆ” pronto para esse recuo estratĆ©gico? Porque CĆcero jĆ” deu sinais de que, se nĆ£o for o cavaleiro, nĆ£o servirĆ” nem para cuidar da sela.
Na próxima coluna vamos apresentar nesse cenÔrio qual seria a chapa ideal para o governo cpontemplar a base e manter a coesão do grupo, fiquem atentos.