Por Portal Lázaro Farias
A patir de hoje, nossa página começa uma nova série de reportagens, "Os Escolhidos da Base". O Portal Lázaro Farias analisa os principais nomes cotados dentro do grupo político do governador João Azevêdo para a sucessão de 2026. Ao longo de quatro reportagens, vamos apresentar o perfil, as forças e os desafios de cada postulante da base governista. O primeiro nome da lista é o do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (Republicanos).
Das origens humildes ao comando do Legislativo
Adriano Galdino carrega em sua trajetória a marca da superação. Filho de família humilde, trabalhou desde cedo para ajudar em casa: foi garçom, estudou em escola pública e foi aprovado em concurso, tornando-se servidor público antes de entrar na vida política. Começou como vereador em Pocinhos, cidade onde também foi eleito prefeito por duas vezes.
Essa origem popular é a principal credencial com a qual Galdino se apresenta como possível candidato ao Governo da Paraíba. Ele afirma ser o único nome do grupo que, de fato, emergiu das bases populares, experiência que, segundo ele, o torna mais conectado com as reais necessidades da população.
Um dos maiores líderes do Parlamento paraibano
Com uma carreira sólida, Adriano Galdino é hoje uma figura de peso no Legislativo estadual. Está entre os parlamentares que mais vezes presidiram a Assembleia Legislativa da Paraíba e é praticamente uma unanimidade entre os colegas da Casa de Epitácio Pessoa.
Com o apoio de mais de 30 deputados estaduais, Galdino é peça-chave no equilíbrio político da base de João Azevêdo. É ele quem comanda a pauta legislativa, decide prioridades e atua como ponto de apoio estratégico para o governo na tramitação de projetos importantes.
Essa base robusta dentro da Assembleia oferece a Galdino uma vantagem fundamental: governabilidade. Se eleito, seria um governador com profundo conhecimento do Parlamento e com relações já consolidadas com os deputados, o que facilita o diálogo e a aprovação de propostas administrativas.
Força nas cidades e palavra cumprida
A força de Galdino dentro da Assembleia se reflete também na geografia política da Paraíba. Cada deputado aliado possui influência em dezenas de municípios. Isso significa que, caso entre na disputa, Galdino pode contar com uma estrutura de apoio capilarizada em praticamente todas as regiões do estado — além, claro, da força política que já conquistou por mérito próprio.
Outro ponto que o diferencia no cenário político atual é sua fama de cumpridor de palavra. Em tempos em que a confiança está em baixa na política, Galdino é lembrado por aliados como alguém que honra compromissos — uma qualidade cada vez mais rara e muito valorizada nas articulações de bastidores.
Conexão com Brasília e estrutura partidária
Adriano Galdino também tem conexões estratégicas em Brasília. Seu irmão, o deputado federal Murilo Galdino, é ativo no Congresso Nacional e parceiro político de prefeitos e lideranças locais. Apesar de atuarem nas mesmas regiões eleitorais, a presença de Murilo em Brasília garante expectativa de emendas, recursos e projeção federal para o nome de Galdino.
No campo partidário, Galdino integra o Republicanos, legenda forte e bem posicionada nacionalmente. Conta ainda com o respeito do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, seu correligionário, o que amplia seu espaço na política nacional.
Linguagem direta e embates internos: obstáculo ou combustível?
Se há algo que costuma gerar debates sobre o estilo de Adriano Galdino é sua forma de se comunicar. Conhecido por ser direto, com falas curtas e objetivas — o famoso “curto e grosso” —, ele não faz rodeios. Para alguns, isso pode ser um desafio para se apresentar ao grande público, especialmente na disputa por um cargo majoritário como o de governador. Para outros, esse jeito sincero pode ser justamente o que o eleitor busca em tempos de descrédito com promessas vazias.
Mas não é só a linguagem que pode complicar o caminho. Galdino terá que enfrentar um adversário de peso dentro do próprio grupo político: o Partido Progressistas, que hoje abriga dois nomes fortes na base governista — o vice-governador Lucas Ribeiro, apontado como sucessor natural de João Azevêdo, e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.
Cícero, apesar da relação cordial com Galdino, é um “amigo-adversário” com um currículo mais robusto e visibilidade na capital, o que impõe ao presidente da Assembleia o desafio de unir a própria base em torno do seu nome — missão complexa em um grupo onde há mais de um projeto com respaldo político.
Além disso, há ainda um fator interno que pode minar seus planos: o próprio presidente do seu partido, Hugo Motta, já é citado como possível candidato ao governo em 2026 — possibilidade que o próprio Galdino reconheceu em entrevista recente:
“Continuo candidato a governador, mas estou em um partido que a preferência é de Hugo Motta e ele tem todas as condições de ser um candidato de consenso. Porém, se ele desejar seguir em Brasília, meu nome está posto.”
Ou seja, antes de pensar na oposição, Galdino terá que vencer os desafios dentro de casa: convencer aliados, construir unidade e sobreviver à disputa silenciosa de egos e projetos que já acontece nos bastidores da base.
