"Progressistas no comando: disputa ou estratégia pela vaga de governador?"


Por Lázaro Farias 

Nos bastidores do poder, nada é tão calmo quanto parece. A declaração do governador João Azevêdo de que “cabe ao Progressistas definir” o nome que estará na chapa governista em 2026 pode até soar como neutralidade institucional, mas na prática é um cheque em branco para um partido que virou peça-chave no xadrez da sucessão.

O Progressistas, outrora coadjuvante, hoje está no centro da engrenagem. Isso não aconteceu por acaso. Com habilidade e timing político, Cícero Lucena e Lucas Ribeiro — dois pesos-pesados com perfis distintos — alçaram a legenda a um protagonismo que poucos previam no início do governo João.

De um lado, Cícero, prefeito da capital, nome de experiência, com trunfos administrativos e boa interlocução nacional. De outro, Lucas, o vice-governador, jovem, articulado e herdeiro de uma linhagem política forte. O que os une? O desejo de liderar o próximo ciclo do poder. O que os separa? O mesmo desejo.

A disputa entre eles, embora ainda nos bastidores, não é isenta de tensões. Pode até haver almoços, apertos de mão e declarações diplomáticas, mas quem observa com lupa enxerga movimentos táticos para ocupar espaços, ampliar visibilidade e construir apoios. O Progressistas, ao dar palco para dois pré-candidatos tão competitivos, ensaia um duelo interno que tanto pode rachar quanto consolidar a legenda como dona da vaga majoritária.

Há paz entre Lucas e Cícero? Em público, sim. Mas nos bastidores, a convivência lembra muito mais um armistício tático do que uma aliança consolidada. Ambos sabem que a janela de oportunidade é curta, e o apoio de João, mesmo disfarçado de imparcialidade, terá peso no momento certo — seja pela articulação, seja pelo recado velado.

Enquanto isso, o Progressistas segue como protagonista de um jogo onde cada movimento é calculado e observado com atenção. Nada ali é por acaso — falas, gestos e até o silêncio têm significado. E como em toda disputa de bastidor, o que não é dito muitas vezes revela mais do que as declarações públicas.

No fim das contas, o governador pode até ter se afastado da escolha, mas nos bastidores, o clima está longe de ser tranquilo. O Progressistas está no centro do furacão — e gostando disso.

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