A Conta Está Chegando — E o Brasil Precisa Estar Pronto
Por Lázaro Farias
O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega não usou meias palavras: o avanço dos gastos obrigatórios da União pode inviabilizar a administração do país já a partir de 2027. Segundo ele, 96% das despesas primárias já estão comprometidas, e o espaço para investimentos e políticas públicas novas tende a desaparecer.
Não se trata de uma previsão alarmista, mas de um diagnóstico técnico, feito por alguém com experiência e conhecimento da máquina pública. O alerta é claro: se nada for feito, o Brasil mergulhará em uma crise fiscal de grandes proporções — e o tempo para reagir está se esgotando.
O problema não é novo. Mas o que chama atenção é a passividade da sociedade diante de um risco tão concreto. Estamos diante de uma bomba-relógio orçamentária, e ainda assim a pressão pública está quase sempre focada em narrativas ideológicas, quando deveria estar voltada para exigir responsabilidade fiscal e coragem política para reformar o que precisa ser reformado.
Reduzir gastos obrigatórios é difícil? Sim. Mexer em programas sociais e regras da Previdência é politicamente sensível? Também. Mas fingir que o problema não existe não o faz desaparecer. O Brasil precisa amadurecer o debate e entender que o equilíbrio das contas públicas é pré-condição para qualquer avanço social duradouro.
Não é hora de escolher lado político. É hora de escolher o lado do bom senso. O país precisa de estabilidade para crescer, de um ambiente seguro para investir, e de um Estado que gaste menos consigo mesmo e mais com quem realmente precisa.
Quando a crise bater à porta — com alta dos juros, queda da bolsa e medo do desemprego — será tarde demais para reagir com calma. O povo brasileiro precisa se assenhorar do risco agora, como alertou Mailson, e cobrar de todos os Poderes uma postura responsável, antes que a conta chegue de vez.