Opinião: Camisa vermelha da Seleção Brasileira: legal, mas nada patriótica
Vazou nesta segunda-feira (28) que a Seleção Brasileira poderá estrear uma camisa vermelha durante a Copa do Mundo de 2026, caso a classificação para o torneio seja confirmada. A notícia, antecipada pelo site Footy Headlines e confirmada pela ESPN, revela que o novo uniforme reserva substituiria a tradicional camisa azul — um dos maiores símbolos da Canarinho.
A nova camisa, segundo as informações, será assinada pela marca Jordan e aprovada pela diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). E sim, apesar da mudança drástica, a alteração está dentro das normas da entidade. O estatuto da CBF, no artigo 13, permite a criação de modelos comemorativos com cores diversas, desde que autorizados internamente.
Mas aí cabe uma pergunta: só porque é legal, é razoável?
A bandeira da CBF — e, por consequência, os uniformes oficiais da Seleção — têm como referência as cores verde, amarelo, azul e branco. O vermelho não faz parte dessa simbologia. Não representa, historicamente, nem a essência, nem a identidade do futebol brasileiro. Trocar a camisa azul, que remete à histórica final da Copa de 1958, por um modelo completamente fora da tradição é uma escolha que pode ferir o sentimento nacional — especialmente num país que carrega seu futebol quase como uma religião.
Ainda que o estatuto permita, soa forçado e desnecessário. Em vez de fortalecer os símbolos nacionais, a CBF parece caminhar para a neutralização deles — ou, pior, para a transformação da Seleção em um produto de marketing político. Em tempos de polarização, a cor vermelha inevitavelmente remete a um lado do espectro ideológico. Isso pode gerar uma reação imediata de rejeição de parte da população, tornando a camisa um símbolo mais político que esportivo.
Não se trata aqui de rejeitar o vermelho por si só, mas de entender que um time que representa todo um país precisa respeitar o que une os brasileiros — e não o que os divide. Adotar uma cor tão carregada de simbolismo político, especialmente no contexto brasileiro, pode ser visto como um erro estratégico e cultural.
No fim das contas, essa decisão parece mais voltada para gerar polêmica e vender camisas — seja para os que querem protestar, seja para os que querem apoiar — do que para honrar a tradição da camisa mais vitoriosa da história do futebol.