A Operação Famintos, que apura fraudes em licitações e na merenda escolar em Campina Grande, investiga irregularidades ocorridas entre os anos de 2013 e 2019, nas gestões do prefeito Romero Rodrigues (PSD). Mas alguns dos empresários investigados tinham empresas com contratos em várias prefeituras da Paraíba, bem anteriores a esse período. Entre as prefeituras está Campina Grande, administrada na época pelo ex-prefeito e hoje senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB).
Uma decisão da 6ª Vara da Justiça Federal da Paraíba, de novembro do ano passado, condenou os empresários Frederico de Brito Lira e o filho dele, Luiz Carlos Ferreira Brito Lira, pela prática de improbidade administrativa. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), eles seriam os administradores de duas empresas fornecedoras de alimentos, a Roma Comercial de Cereais LTDA e a Nutri Comercial LTDA – ME. Os dois empreendimentos teriam concorrido entre si na licitação nº 10/2008, na cidade de Itatuba.
Segundo sentença, a Roma Comercial tinha como sócios Luiz Carlos e Azuílo Santana, mas seria de fato administrada por procuração por Frederico de Brito Lira. Já a Nutri Comercial tinham como sócios Frederico e Francisco Edvan de Araújo.
Dados do sistema Sagres do Tribunal de Contas da Paraíba mostram que as duas empresas receberam, entre os anos de 2003 e 2010, mais de R$ 10 milhões em contratos para fornecimentos de alimentos e itens de higiene em vários municípios. Em Campina Grande, a Roma Comercial recebeu entre 2006 e 2008 mais de R$ 897 mil para fornecimento de alimentos (parte para merenda em creches e escolas públicas). Já a Nutri Comercial teve contratos da ordem de R$ 634 mil, entre os anos de 2003 e 2008.
As empresas Roma Comercial e Nutri Comercial não estão sendo investigadas pela Operação Famintos. Os contratos celebrados por elas com a prefeitura de Campina Grande na época da gestão do ex-prefeito Veneziano Vital do Rêgo também não são alvos da investigação do MPF e da Polícia Federal. Não há qualquer registro, no âmbito da Operação Famintos, de irregularidades nesses contratos.
Fonte: João Paulo Medeiros, no Jornal da Paraíba