Especial | Violência na Paraíba: até onde vai a tensão que já ameaça juízes, vereadores — e o povo?

 


Por Lázaro Farias

Na última sexta-feira, o carro de uma juíza, da comarca de Boqueirão, foi interceptado por criminosos enquanto seguia para a cidade de Barra de Santana, no Cariri paraibano. O que parecia uma tentativa de assalto comum logo levantou suspeitas maiores. Durante a ação, o esposo da magistrada — um policial militar — reagiu à investida e conseguiu balear dois dos suspeitos. Um deles morreu no local.

Na mesma semana, a Câmara Municipal de João Pessoa discutia medidas para reforçar a segurança dos vereadores após denúncias de ameaças e episódios de tensão política dentro e fora do plenário. Alguns parlamentares relataram que evitam agendas públicas sem apoio policial.

Dois episódios graves em poucos dias. Uma juíza no interior. Um vereador na capital. Ambos alvos diretos ou indiretos da violência crescente. E diante desse cenário, uma pergunta inevitável se impõe:
se até autoridades com estrutura e proteção estão vulneráveis, o que sobra para o cidadão comum?

Entre o esforço e o medo

Nos bairros da capital e nas cidades do interior, a sensação é de abandono. Assaltos, tiroteios, brigas entre facções, invasões a residências e mortes violentas se tornaram parte da rotina. O medo se espalha como fumaça.

Importante reconhecer: existem bons policiais, homens e mulheres honrados que, com coragem e comprometimento, enfrentam o perigo de frente. Há sim esforço das forças de segurança e iniciativas governamentais que tentam dar resposta a essa crise — com mais efetivo, viaturas, tecnologia, programas de prevenção.

Mas a verdade é que isso ainda não tem sido suficiente. A criminalidade avança com ousadia. A sensação de impunidade cresce. E o cidadão comum, sem carro blindado, sem escolta e sem foro privilegiado, se vira como pode.

Um sistema que fragiliza quem precisa de proteção

Não é só uma crise policial. É uma crise sistêmica. Leis brandas, punições frágeis, brechas jurídicas e processos lentos criam um ambiente em que o criminoso muitas vezes se sente mais à vontade do que o trabalhador.

A violência, quando alcança autoridades, escancara aquilo que a população já vive todos os dias — a insegurança plena e a incerteza quanto ao futuro.

É urgente abrir um debate nacional sério e livre de vaidades. Um debate que envolva os três poderes, a sociedade civil, a imprensa, as polícias e o Judiciário. Um debate que resulte em ações práticas, endurecimento das leis, fortalecimento das instituições e proteção real para quem mais precisa: o povo.

Afinal, se a bala não escolhe alvo, é preciso que o Estado escolha de que lado vai estar.

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