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População de Campina Grande sofre com falta de esgotamento

A ausência de saneamento básico, que expõe a população a diversos tipos de doenças, além de ameaçar o meio ambiente, é uma realidade de cerca de 20% da população de Campina Grande. Em locais situados geralmente nas zonas periféricas da cidade, os esgotos correm a céu aberto e se tornaram obstáculos diários à qualidade de vida dos moradores.

“As crianças não podem brincar aqui fora, é um perigo. E a situação fica pior quando chove, que o esgoto chega até a porta. Aí não tem nem como a gente sair de casa direito”, contou a dona de casa Simone Félix, que mora no riacho das Piabas, no bairro Jardim Continental.

A localidade é uma das áreas da cidade deficitárias em relação ao esgotamento sanitário, assim como os bairros de Bodocongó, Distrito Industrial, Ramadinha, Santo Antônio e Três Irmãs. São estes também os bairros com maiores números de doenças relacionadas ao saneamento, de acordo com o prognóstico do Plano Municipal de Saneamento Básico, elaborado pela Secretaria de Planejamento (Seplan), Fundação Parque Tecnológico (Paqtc-PB) e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O plano foi elaborado no início do ano passado e entregue à Caixa Econômica, mas ainda falta ser aprovado pela Câmara de Vereadores da cidade. Mas os problemas afetam outras áreas, principalmente os distritos e zonas rurais. Em 2010, apenas 81,16% da população de Campina Grande era atendida por redes de esgoto, cerca de 302.184 pessoas. Mesmo quatro anos depois, esse índice não avançou consideravelmente.

No ano passado, apenas 82,9% da população era atendida pelo esgotamento sanitário. A meta para 2016 é elevar essa cobertura para pelo menos 87,05%, ampliando a rede de esgotos dos atuais 317 para 337 quilômetros.

Para a engenheira civil e professora da UFCG Patrícia Feitosa, que coordenou a elaboração do plano, a deficiência dos sistemas de coleta e tratamento de esgotos compromete consideravelmente a qualidade de vida das pessoas.

“Há comprometimento em relação a vários aspectos, não só para o meio ambiente, quanto para nós, que consumimos a água que recebe de forma direta ou indireta esses esgotos. Mesmo que tratada, em períodos de estiagem, temos a redução do volume dos mananciais, mas a quantidade de contaminantes continua a mesma e mais concentrada”, explicou.

Conforme o secretário de Planejamento do município, André Agra, esse avanço está acontecendo. “O fato de elaborarmos esse plano de saneamento já é um passo importante. Ele faz um prognóstico preciso e muito rico da situação que temos em Campina Grande.

Com base nessa avaliação, a prefeitura já está investindo em ações adequadas e cumprindo parte do que está previsto. Estamos agindo assim no Complexo Aluízio Campos, por exemplo”, afirmou. Em relação à aprovação do plano, o secretário informou que a Caixa Econômica está avaliando a execução do projeto, e tão logo isso ocorra, ele seguirá para a Câmara.

Já em relação ao tratamento de esgoto, o plano indica, com base nos dados do Instituto Trata Brasil, que 75,77% do esgoto gerado na cidade é coletado. Desse esgoto coletado, 66% seria tratado. Mas na realidade, essa quantidade não chega a 7%, admite o secretário de Planejamento, André Agra. “As pessoas quebram a tubulação para poder irrigar. E isso acontece ao longo de todo o emissário até a estação de tratamento e pouco esgoto termina chegando a sua finalidade”, ressaltou.
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