Dia do Trabalho: promessas, inflação e o escândalo que atinge quem já trabalhou a vida inteira
No Dia do Trabalho, o presidente Lula falou aos trabalhadores com a promessa de rever o modelo de jornada 6x1 — aquele em que o empregado trabalha seis dias seguidos para folgar apenas um. A proposta, apesar de soar justa e sensível ao sofrimento de quem vive essa realidade, enfrenta um caminho complexo no Brasil. Mudar esse regime significaria reestruturar setores inteiros da economia, especialmente comércio, serviços e indústria, onde esse modelo é amplamente adotado. Além disso, a fiscalização sobre jornadas irregulares já é fraca, e uma mudança sem estrutura e fiscalização adequadas corre o risco de se tornar apenas mais um discurso de palanque.
Enquanto isso, o trabalhador brasileiro encara uma rotina cada vez mais difícil. Os preços dos alimentos continuam subindo, o combustível voltou a pesar no bolso e os serviços essenciais estão cada vez mais caros. O salário, por sua vez, segue defasado. A promessa de crescimento econômico, distribuição de renda e valorização do trabalho ainda não se materializou de forma efetiva.
O que, então, o Brasil tem a comemorar neste 1º de Maio? Em termos concretos, muito pouco. A realidade do trabalhador é de sobrecarga, endividamento e insegurança. O país não vive uma era de valorização do trabalho, mas sim de sobrevivência.
E há um grupo que simboliza bem o descaso do Estado: os aposentados. Homens e mulheres que contribuíram ao longo de décadas, hoje enfrentam filas, cortes, atrasos e até fraudes dentro do próprio INSS. Muitos têm seus benefícios negados ou reduzidos injustamente, enquanto o governo, no pronunciamento, tratou o tema com superficialidade e sem propostas concretas. O aposentado é, de fato, o trabalhador que mais precisa de respeito — e é o mais esquecido.
Se há um dever do Estado neste momento, é parar de se autopromover com promessas e começar a cuidar de quem já fez sua parte pelo país. Essa seria, talvez, a verdadeira homenagem no Dia do Trabalho.