MP investiga participação de criança em show com conteúdo inapropriado na Paraíba



 O Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou um inquérito civil para investigar a participação de uma criança de 11 anos em um show com conteúdo considerado inapropriado, durante a 35ª edição do Super Motocross, realizada no município de Cubati, no Seridó paraibano.

A apuração foi motivada por um vídeo que circulou nas redes sociais, no qual a criança aparece no palco ao lado da banda Os Neiffs, dançando de forma sensual junto às dançarinas. Em determinado momento, ao ser questionada sobre o que mais gosta de fazer, a criança responde: “Trair”, sendo aplaudida pelos artistas.

Além da exposição da menor, o show incluía músicas com letras explícitas, como “sou traficante, trafico mesmo” e “na safada/casada é sem pano”, o que agravou a gravidade da situação, segundo o Ministério Público.

Violação ao ECA e ambiente de risco

De acordo com o promotor Stoessel Wanderley de Sousa Neto, o caso pode configurar violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que exige autorização judicial para a participação de menores em espetáculos públicos. A ausência dessa autorização pode gerar infrações administrativas, multas e até responsabilização por dano moral coletivo, como já reconhecido pelo STJ.

O inquérito também destaca falhas na segurança do evento. Durante o mesmo show, houve uma confusão generalizada que resultou na morte de um adolescente de 17 anos, esfaqueado no meio do público.

Responsabilizações e providências

O Ministério Público responsabiliza a organização do evento — que contou com apoio da Prefeitura de Cubati — por permitir a presença de menores em um ambiente sem estrutura de segurança e com conteúdo inadequado.

A promotoria já enviou ofício ao Google para preservar os dados do vídeo original publicado no YouTube. Também serão intimados os responsáveis pelo evento, incluindo os sócios da empresa organizadora, o ex-prefeito Dudu Dantas e o atual prefeito José Ribeiro de Oliveira, que aparecem em publicações relacionadas à festa.

Um procedimento específico foi aberto para investigar a eventual omissão dos pais ou responsáveis legais da criança, podendo resultar em medidas administrativas ou judiciais.

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