Eduardo Carneiro apresenta projeto para revogar lei que permite entrada de bebidas e alimentos em eventos na Paraíba


 O deputado estadual Eduardo Carneiro (Solidariedade) apresentou, nessa quarta-feira (12), um projeto de lei que revoga integralmente a norma sancionada em 10 de novembro de 2025, que garante ao consumidor o direito de levar seus próprios alimentos e bebidas para consumo em eventos e estabelecimentos na Paraíba.

De acordo com o parlamentar, apesar de ter sido criada com a intenção de ampliar a liberdade do consumidor, a lei vem gerando prejuízos ao setor de eventos, turismo e entretenimento do estado.

“Embora tal iniciativa tenha como propósito garantir maior liberdade ao consumidor, a sua aplicação prática tem gerado impactos significativos e negativos sobre o setor de eventos, o turismo e a economia do Estado”, afirmou Eduardo Carneiro.

Segundo ele, a comercialização de alimentos e bebidas representa uma das principais fontes de receita dos organizadores de eventos, sendo essencial para cobrir custos operacionais, logísticos e de contratação de mão de obra.

O deputado também destacou que a medida afeta a geração de empregos temporários e a arrecadação de tributos, além de criar uma desvantagem competitiva para a Paraíba em relação a estados vizinhos como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, que não possuem legislação semelhante.


Questões sanitárias e de segurança

Outro ponto levantado por Carneiro diz respeito à segurança alimentar. Segundo ele, permitir a entrada de produtos externos aumenta o risco de consumo de alimentos e bebidas sem procedência controlada, o que pode causar intoxicações e responsabilização judicial dos organizadores.

O projeto de revogação foi apresentado no dia 12 de novembro de 2025 e ainda será analisado pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).

Produtores criticam a lei e alertam para prejuízos

A lei original, proposta pelo deputado Taciano Diniz (União Brasil) e sancionada pelo governador João Azevêdo (PSB), tem sido alvo de fortes críticas da categoria de produtores culturais e de eventos.

O presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE), Doreni Caramori, classificou a legislação como “uma afronta à iniciativa privada”.

“A categoria entende que não há nenhuma relação entre o que foi previsto em lei e o problema que ela buscava resolver. Essa medida fere o direito constitucional do livre mercado”, afirmou Doreni.

Ele comparou a tentativa de controle de preços nos eventos com outros setores da economia:

“Eu também gostaria de ter um controle do valor da gasolina ou de um automóvel, mas quem estabelece isso é o mercado. Se o consumidor não estiver satisfeito, ele simplesmente não compra.”

Setor teme cancelamento de eventos

Os promotores de eventos alertam que a lei pode provocar cancelamentos em massa e gerar impactos negativos na economia paraibana.

“O Estado está trabalhando para incrementar o número de eventos, mas essa lei pode gerar o efeito contrário, com cancelamentos e prejuízos para o consumidor e para o setor”, afirmou Doreni Caramori.

A norma permite a entrada de pessoas com alimentos e bebidas em cinemas, teatros, estádios, arenas esportivas e parques de diversões na Paraíba.

Após a sanção, alguns eventos já começaram a ser cancelados em João Pessoa e Campina Grande, e produtores ameaçam suspender os festivais de verão na capital.

Categoria quer diálogo, mas não descarta ação judicial

Doreni afirmou que a ABRAPE pretende dialogar com o governador João Azevêdo e os deputados estaduais para reverter a lei. Caso o diálogo não avance, a associação pretende judicializar a questão.

“Tenho certeza de que o governador e os parlamentares não têm compromisso com equívocos. O primeiro caminho é o diálogo, mas se não houver abertura, vamos acionar a Justiça, porque há preceitos constitucionais sendo feridos”, completou.

  

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