MPT ajuíza ação contra Hytalo Santos por tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho análogo à escravidão

 


O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) ajuizou uma ação civil pública contra o influenciador digital Hytalo Santos e seu esposo Israel Nata Vicente, conhecido como “Euro”. Eles são acusados de comandar um esquema lucrativo de tráfico de pessoas, com fins de exploração sexual e submissão a trabalho em condições análogas à escravidão, envolvendo dezenas de vítimas, incluindo crianças e adolescentes.


Pedido de indenização pode chegar a R$ 12 milhões

Com base nos crimes apurados — tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho análogo à escravidão — o MPT solicitou à Justiça:

  • Indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 12 milhões, destinada às crianças e adolescentes vítimas;

  • Reparação individual de danos para cada vítima, com valores entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões, a serem fixados conforme a gravidade de cada caso.

Depósito em poupança para menores de idade

Para as vítimas menores de 18 anos, o MPT requer que os valores sejam depositados em poupança judicial específica, destinada a atender necessidades inadiáveis de subsistência e educação.
A movimentação dos recursos só poderá ocorrer após a maioridade, salvo autorização judicial em casos excepcionais.


Medidas de proteção e assistência às vítimas

Além das indenizações, o Ministério Público pede que a Justiça determine medidas de proteção integral, incluindo:

  • Acompanhamento médico;

  • Atendimento psicológico;

  • Assistência social continuada.


Investigação baseada em provas robustas

A ação foi ajuizada em 25 de setembro e se baseia em robustos elementos de prova reunidos no Inquérito Civil.

Embora a atuação tenha se concentrado em João Pessoa, o caso é conduzido por um Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF) de âmbito nacional, criado pela Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT) e composto por procuradores de diversas regiões do país.


Processo tramita em segredo de justiça

O caso tramita em segredo de justiça, por envolver situações de violência contra crianças e adolescentes, além da necessidade de evitar a revitimização das vítimas.


Responsabilização dos pais das vítimas

O MPT também atribui responsabilidade aos pais ou responsáveis legais, apontando que:

  • Aceitaram vantagens financeiras;

  • Permitiram que os filhos residissem longe de casa;

  • Não fiscalizaram a frequência escolar;

  • Autorizaram a submissão dos menores a múltiplas formas de violência, incluindo exploração sexual.

Segundo o órgão, muitos pais não demonstram compreender a gravidade das violações sofridas pelos filhos.

Obrigações solicitadas à Justiça para os responsáveis

O MPT pede que os pais sejam obrigados a:

  1. Não permitir que filhos menores de 18 anos, inclusive emancipados, participem de produção de conteúdo digital com conotação sexual;

  2. Não permitir qualquer forma de exploração sexual;

  3. Não permitir a submissão dos filhos às piores formas de trabalho infantil, conforme o Decreto nº 6.481/2008.


MPT pede reconhecimento da irrelevância do “consentimento” das vítimas

O Ministério Público do Trabalho solicita que a Justiça reconheça a irrelevância jurídica do suposto “consentimento” das vítimas.

Segundo o órgão, os adolescentes:

“Não enxergam a gravidade da situação a que foram submetidos e são incapazes de se reconhecerem na posição de vítimas.”

O MPT destaca que muitos jovens passaram a conviver com Hytalo Santos desde a infância, quando estavam ainda mais vulneráveis a discursos de alienação e práticas de lavagem cerebral.


Influência prolongada e manipulação psicológica

De acordo com a ação, algumas vítimas começaram a conviver com os acusados antes dos 10 anos de idade. O Ministério Público aponta:

  • Influência direta na formação da personalidade dos adolescentes;

  • Dependência emocional e sensação de dívida de gratidão;

  • Tentativa de “compra” do consentimento dos pais por meio de benefícios materiais.

Esses fatores, segundo o MPT, invalidam qualquer alegação de consentimento e reforçam a gravidade das acusações.

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