PAPO RETO - POR GIVANILDO SANTOS - LEIA



No último sábado, 21, acompanhando a Santa Missa Dominical pela Rádio Solidariedade FM, a homilia do Monsenhor Padre Antônio Apolinário me chamou a atenção (e preocupação).

Fui consultar fontes para saber o significado de homilia: é uma preleção dada por um sacerdote no decorrer de uma missa. A homilia tem a função de explicitar a fé o significado dos vários elementos litúrgicos, também em relação à situação dos presentes, para que o encontro dialogal com Deus se torne verdadeiramente consciente para todos e cada um. Na prática, a homilia deve ser uma "conversa familiar" do homiliasta com o povo de Deus.

Voltando para o sábado!

Em sua homilia, o decano sacerdote comentou a tragédia de Mariana (MG), quando duas barragens da mineradora Samarco se romperam na cidade de Mariana (MG), na quinta-feira, dia 05. Nessas barragens havia lama, rejeitos sólidos e água, resultante da mineração na região:

“...Vivemos realmente um momento dificílimo, como jamais foi visto. Uma seca avassaladora, não somente aqui no Nordeste, mas no Sul e Sudeste, que nunca se ouvia falar em seca. Enchentes, essa coisa terrível da cidade de Mariana, que era previsto. E que pela insensatez, pela irresponsabilidade dos nosso dirigentes, chegou a acontecer. Mais de dez anos para se recuperar, mas isso não é o mais importante. O mais importante é que morreram pessoas, pais e mães de famílias, crianças, jovens. Mais de setecentas barragens destas têm apenas quatro fiscais. Estes quatro pertencem ao próprio organismo, é como manda raposa cuidar de um galinheiro. É alta a responsabilidade daquele que nos dirige hoje, de nossa presidente, e não presidenta, que depois de sete dias ela dar um passeiozinho de helicóptero, ali por cima, quando ela é a principal responsável por este desastre que aconteceu e outros que estão acontecendo e vão acontecer ainda. Isso é uma sociedade degradada, um sociedade sem comando, é uma nau à deriva no mar, sem ter um comandante, sem ter alguém que cuide da nossa gente...”

O comentário, ou melhor a “homilia” não chamou a atenção pelo seu teor (e nem tanto pelas críticas), mas pela culpabilidade que o Monsenhor Apolinário deu ao Governo Federal, especificamente a presidente Dilma Rousseff. (Pra mim ficou mais que evidente o caráter político partidário conservador do homiliasta, que simplesmente “crucificou” a presidente dizendo que era a única culpada, não só por isso mas por todas os problemas existentes no país. Pensei que estava ouvindo um editorial da Folha de São Paulo)

Tem todo direito de fazer suas críticas, o Monsenhor, como sempre fez (inclusive a serviço dos tradicionais políticos locais, que nunca quiseram, e não querem o progresso de Serra Branca, nem tampouco o bem comum da população), mas bem que ele poderia se ater mais a veracidade deste fato específico.

Que empresa é essa, Samarco? É do governo?

Não, é uma empresa privada.  A Vale (mineradora que era estatal e foi privatizada durante o governo FHC) é uma das acionistas da Samarco, com uma participação de 50% no capital por meio de uma joint venture com a BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo. Ou seja, a lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco é de responsabilidade privada. É certo que cabe aos governos estadual e federal a fiscalização destes serviços, mas jogar a culpa exclusiva na pessoa da presidente Dilma é no mínimo, uma meia-verdade. (Ou uma meia-mentira?)
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