O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, está convencido do contrário. A interlocutores próximos, ele tem dito que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff perdeu fôlego e que, agora, é hora de pensar nas eleições municipais de 2016.
Para Lula, a única batalha realmente estratégica é a reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Mais do que isso, Lula avalia que a eventual vitória de Haddad marcará o início do processo de recuperação da imagem do PT, contribuindo para colocar a oposição em estado de alerta – ou até de depressão – antes de 2018.
A avaliação é que Haddad poderá projetar uma imagem moderna e renovada do PT, após anos de intenso bombardeio decorrente dos escândalos de corrupção. Ao final do primeiro semestre deste ano, com as entregas programadas, Haddad será o prefeito que mais abriu vagas de creches e mais construiu hospitais em São Paulo.
Além disso, com menos obras viárias e decisões mais inovadoras, ampliou a fluidez do trânsito em São Paulo – paradoxalmente, a redução da velocidade máxima das marginais ampliou a velocidade média, em razão da queda no número de acidentes. Isso sem falar nas ciclovias, nos corredores de ônibus e na humanização de São Paulo, com decisões como o fechamento da Avenida Paulista aos domingos, que ganharam o apoio de jovens e dos setores mais instruídos da sociedade.
Oposição dividida
Embora reconheça o desgaste do PT, o círculo mais próximo ao ex-presidente Lula também aponta divisões importantes na oposição. A começar pelo PSDB, onde o governador Geraldo Alckmin claramente sabota a candidatura do vereador Andrea Matarazzo, que seria a mais natural entre os tucanos.
Ao lançar na disputa o empresário João Doria Júnior, um autêntico "cavalo pangaré", Alckmin deixou claro que prefere perder em São Paulo do que contribuir para que seu eventual adversário em 2018, o senador José Serra (PSDB-SP), tenha o controle de uma importante máquina política – Matarazzo, por mais que tenha conquisto peso próprio como vereador, é antes de tudo serrista.
No PMDB, que recebeu a ex-petista Marta Suplicy com todas as honras, também há divisões. O atual secretário de Educação, Gabriel Chalita, trabalha para ser o vice de Haddad. Caso não consiga amarrar uma coligação PT-PMDB, poderá migrar para outro partido. E se continuar entre os peemedebistas, ainda assim apoiará Haddad – e não Marta. Além disso, a senadora encontrará dificuldades para apoiar as campanhas dos vereadores do PMDB, num mundo sem financiamento privado de campanhas.
Quanto aos candidatos "midiáticos", como Celso Russomano e José Luiz Datena, a avaliação predominante é que terão fôlego curto – seja pela inexperiência, seja pelo telhado de vidro.