Análise: PSB nacional mira João no Senado, e movimento atende a interesses de Lula e João Campos
O portal Lázaro Farias analisa os bastidores e os interesses por trás da declaração feita pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), durante o Congresso Estadual do partido, em João Pessoa, na última segunda-feira (28). Na ocasião, Campos afirmou que, se depender do PSB, o governador João Azevêdo “será um grande senador”. A fala, apesar de elogiosa, vai além de um gesto de gentileza partidária — revela a movimentação estratégica do PSB nacional para 2026.
João Azevêdo, que agora assume a presidência estadual do PSB, é considerado um nome moderado, gestor técnico e com apelo eleitoral consolidado, o que faz dele peça-chave na montagem de uma chapa majoritária com viés mais progressista no próximo ciclo eleitoral. Isso casa perfeitamente com o interesse do presidente Lula, que projeta um possível segundo mandato mais respaldado por um Congresso à esquerda, mais afinado com suas pautas e reformas.
Nesse cenário, o PSB sabe que não pode abrir mão de um nome com a força política e a aprovação que Azevêdo carrega na Paraíba. Uma candidatura ao Senado ajudaria a sigla a compor um bloco forte de centro-esquerda no Congresso, com nomes equilibrados, que facilitem a articulação entre os interesses do Planalto e os dos estados.
Mas há outro movimento por trás das palavras de João Campos. Prestes a assumir o comando nacional do PSB, ele vem se consolidando como um dos principais nomes da chamada “nova esquerda” brasileira — mais pragmática, menos radicalizada e mais focada em resultados administrativos. Campos sabe que, para se viabilizar como futuro líder nacional da esquerda, precisa reunir ao seu redor quadros moderados e com credibilidade — perfil que João Azevêdo representa bem.
Trata-se, portanto, de uma construção que poderia ter sido feita há anos por Eduardo Campos, pai de João, se não tivesse perdido a vida tragicamente em 2014. O filho agora parece tentar dar continuidade a esse projeto, mirando o futuro da esquerda brasileira com equilíbrio e estratégia.
Enquanto isso, João Azevêdo se vê no centro desse jogo de forças. De um lado, os interesses nacionais de Lula e Campos; do outro, os interesses regionais da Paraíba. Além de ponderar seu futuro político, ele carrega a responsabilidade de decidir o rumo de seu grupo, dos aliados que o seguem e do povo paraibano que acompanha com atenção os próximos passos dessa trajetória.
A grande pergunta que fica: qual será a escolha de João Azevêdo?